Enchentes no Rio Grande do Sul: quem são os agentes de SP que ajudaram nos resgates

O Governo de São Paulo está mobilizado para ajudar as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul desde o dia 1º de maio. Além de doações, o estado paulista enviou profissionais do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e Civil e da Defesa Civil para auxiliar no resgate dos afetados pelo desastre.

Parte da equipe retornou para um revezamento com novos agentes, que já estão em trabalho nas terras gaúchas. Para quem esteve longe da família, mas em campo para salvar vidas, a sensação é de dever cumprido. Conheça a história de alguns deles.

Major Tatiana Cristina Silva Rocha

No tradicional domingo de Dia das Mães, comemorado em 12 de maio, a major Tatiana Rocha estava no Rio Grande do Sul prestando ajuda humanitária longe de seu filho, de 17 anos. “Ao mesmo tempo que meus pais e meu filho ficaram muito preocupados, eles também ficaram com o coração cheio de orgulho. Ele já entendeu que a nossa missão de vida é muito maior do que atender as nossas próprias necessidades. Vamos ter muitos outros domingos para comemorar”, afirma ela.

Equipe da Defesa de Civil de São Paulo em missão humanitária no Rio Grande do Sul

Há cerca de dois anos da Defesa Civil – e 20 na Polícia Militar – a major Tatiana atuou em um primeiro momento no apoio à comunicação entre os mais de 400 municípios afetados pelas enchentes. Durante as enchentes no Rio Grande do Sul, sua equipe ficou em Santa Cruz do Sul, sendo responsável pelo Vale do Rio Pardo e do Taquari, que somam cerca de 80 municípios. A Defesa Civil de São Paulo também atuou na recepção e distribuição de donativos arrecadados no estado.

“O maior desafio foi a comunicação para atender de forma rápida e eficiente as necessidades. Tínhamos que restabelecer de forma muito rápida, porque tínhamos famílias ilhadas e precisávamos saber qual a demanda imediata. Muitas pessoas precisavam de alimentação específica, como leite para recém-nascido”, conta.

Apesar da preocupação inicial com a situação pela qual o Rio Grande do Sul passa, a major Tatiana enxerga que “a preocupação maior é chegar lá e poder doar tudo que a gente aprendeu, da parte técnica, física e emocional.”

Tenente Fábio Spacassassi

O tenente Fábio Spacassassi, do Corpo de Bombeiros, foi um dos primeiros a chegar ao Rio Grande do Sul, em 1o de maio, onde ficou até o dia 13. Seu trabalho era feito dia e noite, com raras folgas nos primeiros dias. A equipe que o tenente Spacassassi integrou resgatou, em média, 120 a 150 pessoas por dia.

bombeiro fardado, com capacete, auxilia idoso em uma operação de resgate. Ambos usam colete salva-vidas

Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo atuando nos resgates no Rio Grande do Sul

Ele conta que um dos maiores desafios foi a retirada de pacientes – um deles de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na cidade de Canoas: “A água estava cobrindo um hospital que foi abandonado de emergência, porque acabou a luz. Os acamados estavam praticamente inundados e não tinham para onde ir. Foram ocorrências mais complexas, principalmente nos primeiros três dias.”

Com o trabalho dos bombeiros e do Comando de Aviação da Polícia Militar, mais de 1,1 mil pessoas e 250 animais foram resgatadas durante as enchentes no Rio Grande do Sul.

O tenente Spacassassi tem experiência no atendimento a situações de catástrofe. Ele já participou de resgates em Ilhéus, na Bahia, em Brumadinho, em Minas Gerais, e em Petrópolis, no Rio de Janeiro. “Quando somos acionados, a sensação é a mesma de sempre: ficamos ansiosos para saber o que está acontecendo e o que levar”, ele conta.

Cabo Isac Coelho de Matos

Em um primeiro momento, o cabo Isac Coelho de Matos, enfermeiro de voo da Polícia Militar, havia sido enviado para dar retaguarda aos bombeiros de São Paulo que precisassem de atendimento ambulatorial. Em solo gaúcho, os agentes identificaram a necessidade de um helicóptero Águia para auxiliar nas operações de resgate e remoções aeromédicas.

Com isso, o cabo Isac foi designado como enfermeiro de voo. Seu trabalho era fazer as chamadas remoções aeromédicas, ou seja, aquelas que usam helicópteros para transferir pacientes para serviços de saúde. “O único meio de as crianças serem removidas é por aeronaves. Um desafio também foi lidar com esse público, que eu não tinha tanta prática assistencial”, conta.

Entre os dias 2 e 10 de maio, o cabo Isac ficou longe de sua filha Alice, de 3 anos, em casa. Para ela, o pai tinha fugido de casa e esquecido o carro. Coube à mãe explicar que o pai estava fora em uma missão humanitária. “Ficar nove dias ausente gera saudades. Há preocupação com a segurança da família em casa. Eles também veem o cenário de lá e sabem que é uma atividade de risco. Fica uma preocupação de ambas as partes, mas fica também um sentimento de responsabilidade”, relata.

Apesar de estar presente nas operações de resgate em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, o cabo Isac conta que nunca havia participado de uma ação como a do Rio Grande do Sul. “No momento [da convocação], gera uma preocupação com o desconhecido. Mas eu fiquei feliz, porque há um grau de confiança no nosso trabalho. Todos os enfermeiros do efetivo têm condições de atuar nessa missão. Foi um reconhecimento do quão qualificados nós estamos.”

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