Parar de brincar é primeiro sintoma de trauma em crianças que passam por calamidades

Especialistas do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) explicam que em situações de calamidades, como no caso das enchentes, todas as mudanças bruscas para as crianças podem trazer traumas, e o primeiro sinal é a falta de interesse em brincar ou se socializar.

Esses especialistas recomendam sempre conversar com as crianças, orientando para manter a calma e ensinando a respirar pausadamente para que relaxem. É importante ainda perguntar como a criança se sente e ter uma escuta ativa, fazendo comentários sempre positivos.

Segundo a médica pediatra do HSPE Silvana Vertematti, para tratar o estresse pós-traumático, é necessário assistência por parte de todos os adultos, sejam responsáveis ou voluntários.

“A falta de rotina atinge muito, principalmente os mais velhos. Por isso, é preciso que rotinas lúdicas continuem sendo aplicadas com brincadeiras e jogos com outras crianças. É preciso estimular uma rotina prazerosa, mesmo em meio a toda a situação caótica a que as famílias estão submetidas neste momento. Isso melhora o desenvolvimento emocional das crianças e faz com que se sintam mais acolhidas”, explica.

“Até mesmo em brincadeiras, as crianças podem se expressar e extravasar, ou por meio de desenhos, pinturas ou nas histórias que são inventadas nesses momentos de diversão”, orienta Silvana Vertematti.

Além disso, é preciso cuidado com as enfermidades, não só entre as crianças e adolescentes, mas em relação a todos que estão vivendo em abrigos.

Risco de contaminação

Silvana Vertematti enfatiza que a exposição a risco infeccioso em tragédias como a do Sul do país é muito grande, já que o processo de inundação deixa as águas extremamente contaminadas e pode haver disseminação de doenças.

“É preciso atenção às gastroenterocolites que podem ser mais prevalentes neste momento, às infecções por salmonela, à própria leptospirose, além das doenças infectocontagiosas, como a escabiose (sarna), ou ainda aquelas que ocorrem por sazonalidade, ainda mais com as baixas temperaturas, como gripes, bronquiolites, crises de asma, que, diante das condições precárias, apresentam mais chance de complicação para quadros mais sérios como pneumonias e insuficiência respiratória. Todas as pessoas, ainda mais crianças e adolescentes, merecem uma avaliação médica”, finaliza a pediatra.

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